Depois daquele mes que eu fui pegando tudo quanto é doença, chegou julho e, com ele, as festas dominicais onde a cidade inteira se reune numa praça e fica dançando ritmos regionais.
Eu me meti a fazer Jiu Jitsu por 1- Kai cozinha divinamente bem, 2- Estou gordo demais, 3- Estou grávido de gêmeos, eles se chamarão Cevada e Lúpulo e 4- Não me atrevo a fazer ginástica ou musculação para não ficar em posições que permitam que a academia inteirafique olhando para meus fundilhos. O grande problema do Jiu Jitsu era o professor, ele me detestava... Ele, 2 metros de altura por 1 de largura , me dava umas chaves, uns rolamentos que me deixavam quase que imobilizado... Algumas posições eram quase que vexatórias, tipo uma que não me lembro o nome e que me deixava deitado no chão com ele por cima de mim, e eu teria que abraçá-lo firmemente com as pernas na região da pelve avassaladora... Quase papai e mamãe. Não sei se foi sonho, imaginação ou realidade mas, numa dessas, senti o perú do professor ficar um pouco mais alegre, prestes a cantar gluglu.
Após a aula de sexta, o professor (se chama Lino) me chamou. Pensei que ia levar algum esporro por ter feito algo de errado durante a aula, mas me surpreendo com ele me convidando para a festa de domingo. Eu aceitei.
Fatídico domingo, Kai e eu fomos a festa. Sol, suor, muita gente, esfrega-esfrega, dedada e bebida. Kai me disse que iria buscar uma sombra e, 5 minutos depois, quando eu o procurei, não o encontrei... Telefonei e ele me dissera que havia voltado para casa pois a festa estava muito lotada. E foi quando encontrei uns amigos, dançamos, bebemos, fomos até o chão numa dança frenética e, no meio disso tudo, senti um puxão violento no meu braço, e lá estava Lino, diferente, sem quimono, com duas cervejas em mãos. Me ofereceu uma delas e puxou assunto.
-Sabe, sempre te via pelas ruas... Eu sempre quis conversar com você, pois você parece ser uma pessoa legal, mas eu tinha vergonha.
-Sério?
E de repente, as notas musicais ficaram mais altas, e mal podiamos conversar.
-Vou pegar mais uma cerveja. - Ele falou, bem perto de mim.
-Tudo bem, obrigado - Agradeci, bem perto... Rosto colado.
-Não fala muito perto de mim, se não eu te beijo aqui mesmo... - Ele ameaçou.
-O quê? - me aproximei dele com a intenção sacana... Não estava no meu normal... Era o alcool, e era meu id, selvagem. Foi quando aquela mão bruta me puxou pelo braço e me arrastou, tropego, até um beco, onde ele me encostou contra a parede e me beijou, eu deixei... As coisas estavam esquentando, e as pessoas passavam pelo beco, riam, apontavam e eu esperava que uma vizinha viesse jogar um balde de água gelada para separar aqueles cachorros no cio... Eu senti como se parte de mim estivesse fora do meu corpo, me olhava com recriminação e dizia "Seu galinha, e o Kai?". A ereção vestida de Lino contra meu corpo vestido, as mãos dele passeando livremente pelas áreas VIPs do meu corpo (antes, exclusivas para as mãos de Kai) e foi quando ele se aproximou de mim e propôs:
-Tem um motel aqui do lado... Vamos lá? - E aquela parte de mim que estava observando tudo em terceira pessoa uniu-se ao meu corpo.
-Não posso... tenho namorado... - respondi com um empurrão, aquele que eu devia ter dado antes.
- E daí? Eu também tenho. -Ele respondeu com um riso safado e irresistível, até eu me sentir, além de galinha, mais um espécime na coleção de Lino.
- E você, que é palhaço. - eu o empurrei.
Resumo da ópera:
1- Eu não voltei a academia e ele pediu demissão na manhã seguinte.
2- Ele virou um stalker. Vive me telefonando... Quer dizer, vivia, até eu descobrir no Google Market o aplicativo BlackList (ele bloqueia as ligações)
3- Contei tudo ao Kai (sem riqueza de detalhes, sem a parte da ereção e das mãos) que me olhou nos olhos e me perguntou:"Você ainda me ama?", respondi que sim "Isso é o que me importa." e calou minha boca com um beijo, e eu prometendo a mim mesmo não cair nas tentações.