sábado, 26 de março de 2016

Mi amada Argentina

Enquanto estava na Argentina, dei início ao mestrado. Pau no cu da UFTJ (Universidade Federal da Terra da Joelma)! Todos os anos submeto meus projetos, realizo a prova de mestrado mas, na hora da entrevista, me reprovam por não ter aberto as pernas para ninguém do processo de seleção (dizem que esse é o meio de entrada no mestrado: deixar que alguém do processo de seleção entre pelo seu cu adentro).
O ritmo é intenso... Acorda, vai pra aula as 8, almoça as 12, volta as 13, aulas até as 18, volta pra casa, cozinha, toma banho, lê as apostilas com um cigarro entre os dedos, dorme e no outro dia tudo de novo. Eu dividia o apartamento com um senhor e ele era meio cricri com organização, limpeza, horários, enquanto que eu jogava minhas roupas pelo chão como a Jennifer Lopez no clipe de My Love don't Cost a Thing, sujava a cama de doritos/ chocolate / fernet e dormia até tarde.
Separei uma semana extra para as férias pós aula e, com o apartamento só para mim, eu poderia beber, receber visitas, me arrastar nas cinzas de cigarro espalhadas pelo chão, sair e chegar a hora que quisesse sem ter medo de tropeçar pela casa e acordá-lo.
E foi quando decidi ir a uma boate para dançar reggaeton. Uma garota falava comigo em inglês, jurando que eu era norte americano, e fazia uns "yo! niggah!" enquanto falava. Eu posso dizer que, não sei o que os argentinos enxergaram em mim, pois ganhei bebidas, as pessoas faziam rodas para que eu dançasse no meio e, numa dessas, um moço careca olhou para mim com tanto desejo que me derreti. Ele saiu para fumar, eu o segui.
"Oi, qual seu nome?"
"Armando, e o seu?"
"Mauri... Sabe onde vende cigarros por aqui agora?"
"Toma, pega um dos meus..."
"Obrigado."
"Bem, vou entrar, meus amigos me esperam..."
"Tudo bem, vou acabar o cigarro e já entro."
Nos abraçamos, e beijei-lhe a bochecha.
"Não... É assim, olha."
E me beijou na boca.
Traguei o cigarro com a fúria de um asmático e entrei na boate e, ao atravessar as cortinas, Armando, que tinha acabado de me beijar, estava beijando outro. "Filho da puta! Tomara que eu não tenha pegado mononucleose!" Mas não me incomodei e dancei como se não tivesse amanhã. Desculpem se o que vou dizer parece egocêntrico, mas eu me sentia como uma Ferrarri no meio de um salão de exposições com aquelas pessoas ao meu redor me olhando, tentando se aproximar e me oferecendo bebidas.
Decidi sair, um rapaz que estava dançando comigo me acompanhou para fumar e encontrei Armando. Argh! Patrick e Armando eram amigos, estavam conversando e veio mais um terceiro rapaz, que notou que Patrick e Armando estavam interessados em mim. Do nada, para interromper o silêncio, o rapaz apontou para mim e disse:
"Ei, brasileiro. Nota que os dois aqui estão a fim de você e, agora, me diz, qual deles você quer?"
Sinuca de bico.
"Eu quero... dançar!", dei meia volta e voltei a pista de dança. Patrick me seguiu, e dançou encoxado comigo.
"Brasileiro, assim que a festa acabar eu posso ir na sua casa?" ele sussurrou ao meu ouvido.
"Sim, claro."
"Legal! Vou chamar a Wendy."
O quê?
Pedi licença para fumar e saí. Armando ainda estava fumando, dessa vez sozinho. Olhei para ele com ojeriza, e foi quando ele me abraçou forte e me arrancou um beijo com o qual eu pude sentir vida e eletricidade até por onde não pensei que fosse capaz de sentir.
"Vem aqui" Puxei-o pelo braço e acenei para um táxi "Vamos para a minha casa".
(continua)

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